Ações governamentais para economizar energia não são novidade. Mas uma situação inusitada está prestes a se tornar realidade na Suíça. O país alpino enfrenta o risco de desabastecimento de gás russo. Diante disso, o banimento dos carros elétricos está em pauta por lá. A restrição tem como objetivo atenuar a possível falta de energia elétrica durante o inverno no país, que costuma ser rigoroso. Mas a medida não é definitiva.
A situação é reflexo da crise energética na Europa por causa dos impactos da Guerra na Ucrânia. A sanção aos carros elétricos aparece na “Portaria de Restrições e Proibições ao Uso de Energia Elétrica”. Por ora, o plano está em fase de elaboração.
A princípio, o documento prevê duas fases distintas. A primeira é a “emergencial”, com três graus de restrições. A segunda, “crítica”, é ainda mais restritiva. Nessa situação, nem mesmo os enfeites de Natal ficarão de fora e terão de ser apagados. Quem curte assistir série e filmes pela internet, terá de abrir mão da alta definição, para que os servidores consumam menos energia. Dessa forma, estão contempladas a limitações diversas.
Em relação ao uso de veículos elétricos, a restrição mais severa prevê que apenas “deslocamentos essenciais”. Ou seja, idas ao trabalho e emergências médicas. Além disso, em um cenário de restrições mais leves o limite de velocidade nas rodovias do país pode diminuir. Assim, a máxima permitida vai baixar de 120 km/h para 100 km/h – andando mais devagar, os carros a baterias consomem menos energia e ganham autonomia.
Proibição inédita
A ideia de restringir a utilização de carros elétricos para economia de energia é inédita no mundo. Com 24% de sua frota composta por veículos elétricos ou eletrificados, outras restrições do pacote suíço chamam atenção. A portaria prevê ações como a limitação da temperatura de refrigeradores para 6º C. Para os secadores, o limite será de 40º C.
A Suíça é capaz de gerar até 60% de sua eletricidade por meio de usinas hidrelétricas. Entretanto, isso depende do derretimento do gelo acumulado em seus alpes durante a primavera e o verão. O país chega a exportar seu excesso de energia para os países vizinhos nas estações mais quentes do ano. Agora no inverno, será necessário importar energia da França e da Alemanha. Contudo, as sanções russas ao fornecimento de gás à Europa são um entrave. Resta saber se outros países da região seguirão o mesmo caminho.